Execução: onde a estratégia acontece

Estratégias visionárias merecem mais do que ficar no papel — elas precisam ganhar vida! A execução é o combustível que alimenta o motor das grandes idéias para transformá-las em legado.

Porém, você sabe se os investimentos em pessoas, processos, estruturas e tecnologias estão valendo a pena?

Estou conduzindo uma pesquisa junto com o Daniel Bahia sobre o assunto. Estamos usando uma ferramenta que mensura e demonstra de maneira concreta o nível de maturidade em execução presente na Organização ou em uma determinada parte do negócio. Além disso, capaz de descobrir o quanto os esforços e investimentos estão gerando impactos nos indicadores estratégicos e desenvolvendo as pessoas.

Em primeiro lugar, descobrimos um conjunto de Capacidades e Elementos presentes em organizações, em líderes e equipes de alto desempenho quando há grande maturidade de execução da estratégia.

Capacidades são competências desenvolvidas individualmente, mas que, coletivamente, habilitam uma organização naquele comportamento. Alguns exemplos são: Adaptabilidade, Capacidade Analítica, Iniciativa, Priorização, Colaboração, Comunicação, Eficiência em Custos, Influência, Liderança, Resolução de Problemas, Tomada de Decisão, Habilidades em Ferramentas de IA, Aprendizagem Contínua, Gestão da Execução, Gestão de Pessoas e Gestão de Stakeholders.

Elementos são sistemas, tecnologias, processos ou ferramentas que estruturam as atividades e a forma como a Organização constrói valor. Os principais são: Missão, Visão, Pilares, Objetivos, Iniciativas, Desenho Organizacional, Investimentos em estruturas, Adoção de novas Tecnologias, Metas, Projetos, Orçamentos, Avaliação de Desempenho, Pipeline focado em Sucessão, R&S, Reconhecimento, Remuneração e Benefícios, Educação Corporativa, Processos de Cadeia de Valor, Inovação, Melhoria Contínua, Rotinas e Governança

Ao avaliar essas Capacidades e Elementos juntas, conseguimos classificar por níveis de maturidade, gerar insights estratificados e elaborar um plano de recomendações que considera melhorias incrementais e/ou passos mais corajosos, conforme o apetite de cada gestor.

As empresas que tentam desdobrar a estratégia sem se debruçar sobre o nível de maturidade costumam enfrentar algumas dores recorrentes. Algumas dores não são novas (já nos deparamos com elas mais de uma vez nos 25 anos de Movidaria) e continuam presentes, especialmente em grandes organizações.

Aqui estão alguns exemplos comuns:

1. Falta de clareza sobre a estratégia

“As lideranças não conseguem traduzir a estratégia em algo prático”.

“A base da empresa entende a “visão” como um slogan bonito, mas desconectado da realidade”.

“As equipes não entendem a nossa estratégia”.

Disfunção: Dá origem a desalinhamento e esforços desperdiçados.

2. Comunicação ineficaz

“A estratégia até existe, mas não chega de forma clara, contínua e consistente para todos os níveis.”

“Cada área ouve uma versão diferente do que é prioridade.”

“Já reunimos todos em um grande auditório…”

Disfunção: Gera ruído, retrabalho e baixa mobilização.

3. Falta de conexão entre metas e ações

“As metas definidas não têm vínculo direto com as iniciativas estratégicas ou com o que os times executam no dia a dia.”

“Foco em indicadores apenas financeiros, sem medir o comportamento ou os processos que os sustentam.”

“É pra bater a meta ou fazer o meu trabalho?”

Disfunção: Faz com que os times “batam meta” sem gerar valor estratégico real.

4. Desdobramento engessado

“O processo vira um exercício burocrático, feito uma vez por ano.”

“As metas são copiadas e coladas sem considerar a realidade de cada área.”

“Definimos metas para todos do time, só estamos aguardando uma definição do Board para desdobrar…”

Disfunção: Causa desengajamento e baixa adesão à execução.

5. Prioridades concorrentes

“Tudo parece importante e urgente.”

“Falta critério para dizer “não” e escolher os projetos que realmente fazem a diferença.”

“Este ano tenho 5 metas, sou responsável por 2 projetos e ainda preciso entregar os indicadores da área.”

Disfunção: Dificulta foco e sobrecarrega os times.

6. Liderança despreparada para mobilizar e entregar resultados

“Muitos líderes médios não foram formados para conectar pessoas à estratégia.”

“Ficam entre a pressão de cima e a resistência de baixo.

“A meta já está perdida, mas não posso falar isso pro time…”

Disfunção: Enfraquece a execução e a capacidade de gerar alinhamento transversal.

7. Cultura que não sustenta a estratégia

“A forma de trabalhar e tomar decisões não mudou para acompanhar os objetivos estratégicos.”

“Nossa estratégia foca em inovação, mas a cultura valoriza controle.”

“Somos customer-centric, data-oriented e IA-first, mas o Diretor preferiu desse jeito aqui…”

Disfunção: Sem coerência cultural, o desdobramento perde força. Uma cultura relevante é aquela que está a serviço da estratégia.

A partir dessas experiências, fundamentados na pesquisa realizada com acadêmicos, profissionais de mercado, ferramentas de IA e com a o uso da ferramenta, queremos apoiar C-Levels a ampliar a capacidade de execução estratégica de suas equipes, potencializando o alcance de resultados, mantendo o engajamento e o desenvolvimento das pessoas.

Até quando você vai definir estratégias, criar planos, começar ciclos de execução e investir grandes orçamentos sem evidências sobre o nível de maturidade de execução na sua empresa?

 

Alcir Miguel

Sócio e executivo de negócios na Movidaria.

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